30 abril 2015

Vida e Obra de Shakespeare




Shakespeare é considerado um dos mais importantes dramaturgos e escritores de todos os tempos. Seus textos literários são verdadeiras obras de arte e permaneceram vivas até os dias de hoje, onde são retratadas freqüentemente pelo teatro, televisão, cinema e literatura.




Biografia resumida e obras


Nasceu em 23 de abril de 1564, na pequena cidade inglesa de Stratford-Avon. Nesta região começa seus estudos e já demonstra grande interesse pela literatura e pela escrita. Com 18 anos de idade casou-se com Anne Hathaway e, com ela, teve três filhos. No ano de 1591 foi morar na cidade de Londres, em busca de oportunidades na área cultural. Começa escrever sua primeira peça, Comédia dos Erros, no ano de 1590 e termina quatro anos depois. Nesta época escreveu aproximadamente 150 sonetos.

Embora seus sonetos sejam até hoje considerados os mais lindos de todos os tempos, foi na dramaturgia que ganhou destaque. No ano de 1594, entrou para a Companhia de Teatro de Lord Chamberlain, que possuía um excelente teatro em Londres. Neste período, o contexto histórico favorecia o desenvolvimento cultural e artístico, pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elisabeth I. O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande importância. Escreveu tragédias, dramas históricos e comédias que marcam até os dias de hoje o cenário teatral.

Os textos de Shakespeare fizeram e ainda fazem sucesso, pois tratam de temas próprios dos seres humanos, independente do tempo histórico. Amor, relacionamentos afetivos, sentimentos, questões sociais, temas políticos e outros assuntos, relacionados a condição humana, são constantes nas obras deste escritor.

No ano de 1610, retornou para Stratford, sua cidade natal, local onde escreveu sua última peça, A Tempestade, terminada somente em 1613. Em 23 de abril de 1616 faleceu o maior dramaturgo de todos os tempos, de causa ainda não identificada pelos historiadores.







Principais obras :


- Comédias: O Mercador de Veneza, Sonho de uma noite de verão, A Comédia dos Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por coisa nenhuma, Noite de reis, Medida por medida, Conto do Inverno, Cimbelino, Megera Domada e A Tempestade.

- Tragédias: Tito Andrônico, Romeu e Julieta, Julio César, Macbeth, Antônio e Cleópatra, Coriolano, Timon de Atenas, O Rei Lear, Otelo e Hamlet.

- Dramas Históricos: Henrique IV, Ricardo III, Henrique V, Henrique VIII.


Frases de Shakespeare:


- "Dê a todos seus ouvidos, mas a poucos a sua voz."

- "Antes ter um epitáfio ruim do que a maledicência durante toda a vida."

- "Ser, ou não ser, eis a questão."

- "Sem ser provada, a paciência dura".

- "As mais lindas jóias, sem defeito, com o uso o encanto perdem".

- "Pobre é o amor que pode ser contado".

- "Nada me faz tão feliz quanto possuir um coração que não se esquece de seus amigos".



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29 abril 2015

.... e por falar em fotos

Oi Gente,

Tenho publicado algumas selfies para ilustrar os temas que escrevo. Algumas são tremidas. E são escolhidas porque acho pertinente que sejam as tremidas as mais indicadas, conforme o tema.

Hoje fiz mais uma série e desta gostei de todas. Será que é porque estou ouvindo Zé Ramalho?

Vamos ver?








Fotografando Festa Infantil



Meu nome é Raphael Peregrino, carioca… e venho falar com vocês de algo que gosto muito,fotografar crianças, em especial, aniversário infantil!! E tudo que escreverei aqui não é regra ou absoluta verdade, mas sim, algumas coisas que percebi que funcionaram comigo desde que comecei a fotografar crianças.

1 – Primeira e mais importante dica de todas!! Você não tem que gostar de criança, você tem que gostar MUUUIIIITOOOO!!! Isso não é clichê ou historinha pra boi dormir. A criança sente que você não gosta dela!! E pode ter certeza que se ela sentir isso, você não vai conseguir fotografá-la direito!!

E tenha também muita paciência, pois você não consegue controlá-la! Dê tempo à ela, até se acostumar com você. Não chegue logo com a câmera no rosto e fotografando, espere um pouco, se aproxime devagar e vá criando o seu espaço!!




2 – Regra básica e que às vezes faz muita diferença.

Fotografe na altura dos olhos.

Eu sei… é cansativo você ficar abaixando e levantando toda hora. Por isso que, quem quer entrar no ramo da fotografia, tem que realmente gostar. Seja casamento, infantil, esportes, sensual… é muito cansativo!! Mas é ai que você se destaca, saia da zona de conforto!! Fotografe na altura dos olhos da criança!!

Veja essa foto abaixo, se eu não tivesse abaixado, creio que não ficaria tão bonita!!









3 – Chegue pelo menos 15 à 20 minutos antes do horário marcado, para tirar foto da decoração e do espaço vazio. Pois sempre tem convidado que chega na hora exata que está no convite. Fotografe todos os detalhes, docinho por docinho, lacinhos, a mesa de frente, só o bolo…etc!

Quando faço as festas, uso apenas duas lentes, a 50mm 1.8 e a 24-70mm 2.8. Na decoração, quando estou usando a 24-70mm gosto de dar todo o zoom, para desfocar bastante e pegar bem os detalhes.


4 – Eu dou essa mesma dica para os pais no dia quando assino o contrato, mas também falo no dia da festa, pois sei que eles vão esquecer!! Peça para eles ficarem um pouco com o filho na festa. Brincar com ele, ficar com ele no colo… por que acontece dos pais deixarem com babás, avós, as meninas da animação ou espaço baby! E quando você vai ver… só tem fotos dos pais atrás do bolo!!

Acho essa dica muito importante, por que depois os pais vão sentir falta dessas fotos, e acho que o fotógrafo deve alertar isso!!



5 – Pergunte quem são as pessoas mais importantes da família! Geralmente são os avós, padrinhos e tios mais chegados!! Além de ser importante você fotografar essas pessoas, com certeza os seus clientes vão perceber que você está preocupado em registrar a festa completa!! E não precisa pedir para eles fazerem posezinhas, fotografe eles conversando, interagindo com outras pessoas!









6 – Fotografe os amiguinhos

Não esqueça também de fotografar as crianças da festa! Como a fotografia é algo que você pode guardar para sempre, é legal o aniversariante lembrar dos amigos que estavam na festa.




7 – Um olho no padre e o outro na missa

Você vai ficar o tempo todo com o aniversariante, certo? Mas com certeza os pais vão querer fazer algumas fotos com alguns convidados, sem ser atrás do bolo! Você vai ter que se virar em 2! Fique com a criança, mas sempre de olho nos pais pra ver se eles estão precisando de algo. Diga para eles que vocês está sempre por perto, qualquer coisa é só chamar!!


8 – Essa dica vale para toda área, até mesmo fora da fotografia!! Esteja sempre sorrindo e sendo simpático! As vezes é difícil pois acontece algumas coisas nas nossas vidas que é difícil controlar! Mas tente deixar isso da porta da festa pra fora! Pois as pessoas vão perceber que você não está bem, e podem interpretar mau pensando que você é antipático ou não está gostando de fotografar a festa deles!!

9 – Troque cartões com os outros fornecedores! Animação, espaço baby, buffet, decoração…..e indique se você gostar do trabalho deles! Nesse mundo ninguém vive sozinho!! Se você indicar pelo menos uma vez, com certeza eles vão lembrar de você um dia! E não cobre nada por isso. Tem gente que indica, mas cobra 10% pela indicação!! Não concordo com isso…a indicação tem que ser pela parceria, por você ter gostado do trabalho do outro!!


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Para Fotografar seu Bebê


O tempo passa rápido e é enorme a vontade de registrar cada momento da vida dos filhos, ainda mais quando eles ainda são, assim, tão pequenos. Tendência entre pais e mães pelo mundo todo, fazer um álbum de bebês no começo de suas vidas é mais uma dessas quase tradições que são uma delícia.

Para você não ficar de fora e fazer um álbum tão lindinho, expressivo e emocionante com seu filho, a fotógrafa e sócia-fundadora da ABFRN (Associação Brasileira de Fotógrafos de Recém-Nascidos), Laura Alzueta, dá dicas imperdíveis. Também conversamos com Rafaela Tarlé, especialista em clicar bebês, de Curitiba. Pronta para a foto?


Dicas profissionais para fotografar seu bebê em casa


Luz ideal: fotografia, por sua definição do grego, é desenhar com a luz. Sendo assim, o mais importante para obter uma boa imagem, em primeiro lugar, é a luz. “Gosto de como a luz natural envolve o bebê e da suavidade que ela nos transmite. Flashes tendem a deixar a luz dura. Em casa, basta ter uma boa janela e posicionar o bebê próximo a ela. Mas evite o sol direto”, aconselha Laura.






Que tal um parque? Se o bebê tiver acima de 5 ou 6 meses, você já pode pensar em fazer a seção de fotos fora de casa, como em um parque, que deixa o visual bem natural. Laura ensina: “Opte pela luz do finalzinho da tarde ou das primeiras horas da manhã. Se isso não for possível, procure as sombras, pois a luz direta no rosto fará com que seu bebê feche os olhinhos e se irrite”.

Sem exageros: olhe ao redor e procure cantinhos da sua casa que possam render boas fotos. Um jardim, uma janela, uma árvore ou até o próprio bercinho... Vale tudo! Posicione o bebê no lugar escolhido e “limpe” tudo ao redor dele. Tire almofadas em excesso, enfeites, carrinhos etc. Evidencie o astro da foto. Lembre-se: o foco é sempre o pequeno e muitos elementos podem roubar a cena dele e deixar a foto poluída.

Atenção no foco: a foto é geral, mas é importante ficar de olho e programar a câmera para que o foco esteja nos olhos do bebê. Assim, a foto fica mais expressiva e bonita.

Se não der, não insista: não fique pedindo para a criança ficar sorrindo o tempo todo, pois assim o sorriso fica artificial. "Crie condições para que ele apareça naturalmente. Faça graça, brinque, cante. Além disso, ela nem sempre precisa estar sorrindo e olhando para a câmera. Você pode tirar fotos dela dormindo, despertando, interagindo e até mesmo chorando", aconselha Rafaela.

Sem agito: a seção de fotos é um momento delicado em que o bebê não pode ficar estressado, nem agitado demais. “Por isso, recomendo que só os pais estejam junto no momento”, sugere Laura.

Chame a atenção: se estiver clicando a câmera, peça para o pai fazer algum barulho com um brinquedo atrás de você – assim o bebê olha em direção à lente.

Cores indicadas: nada de querer montar o ambiente com vários elementos coloridos. Segundo Laura, se for fotografar em cima da cama, por exemplo, coloque uma colcha lisa e clara, de preferência branca, bege ou off-white. “Isso vai ajudar a realçar a beleza do bebê”, comenta.

Grandes companheiros: se o bebê tiver um irmãozinho ou um bichinho de estimação, como um cachorro, inclua-o na foto também. Segundo Rafaela, a interação resulta em muitas fotos naturais e divertidas.

Qual roupinha? “Menos é mais em fotos de bebês”, opina Laura. Inclusive, fotografar o bebê só de fralda resulta em fotos lindas, lindas. Se quiser, coloque uma calcinha por cima da fralda ou um short.







Foto em família: além de fotos exclusivas do bebê, que tal incluir os pais na imagem? A tendência geral é segurar o bebê com o rosto dele virado para as lentes. “Uma outra solução é colocá-lo deitado na cama do casal, com os pais ao lado. Uma ideia é a mamãe clicar o pai brincando com ele na cama e fechar bem o ângulo, deixando apenas os rostos juntos”, ensina Laura. Na vez da mãe, a sugestão é colocar o bebê em cima da barriga dela e o pai fazer a foto por trás da cabeça da mãe.

Detalhes marcantes: cada bebê tem suas muitas particularidades fofas que merecem ser guardadas para sempre. São dobrinhas, poucos fios de cabelo (ou muitos!), bochechas rosadas, pés e mãos gorduchinhos... “Tudo que fotografarmos, para que depois se possa ter uma referência de seu tamanho, vale a pena! Algumas câmeras automáticas têm um modo macro (cujo símbolo é uma florzinha) que permite realizar fotos de detalhes com bastante nitidez. É legal que o bebê esteja dormindo, para que fique bem paradinho. Caso contrário a foto fica sem foco, tremida”, observa Laura.

Mais de uma opção: intercale fotos bem coloridas e outras com efeito preto e branco. "No primeiro caso, o grande contraste de cores representa bem a explosão de alegria que é a infância. Mas não deixe de fora a poesia e o impacto de opções preto e branco", aconselha Rafaela.

Conforto para o recém-nascido: ainda na maternidade, uma dica é fotografar o bebê bem embrulhadinho, apertadinho, como eles gostam, para que fiquem tranquilos e serenos nas fotos. “O bonito de fotografar um recém-nascido é mostrar a paz e a tranquilidade desses primeiros dias de vida, quando dormem e parecem sonhar”, conta Laura.

Aproveite o sono: “Os recém-nascidos devem ser fotografados dormindo, pois eles ainda não focam o olhar e podem ficar com um ar perdido. Nessa fase da vida, eles enxergam apenas até 30 cm de distância e desviam os olhos o tempo todo”, explica Laura.

Não arrisque: algumas poses mais ousadas, vistas em portfólios de profissionais, devem ser evitadas, pois exigem técnica, muita prática e um preparo especial para lidar com os bebês. “É preciso conhecer a sua fisiologia e saber manusear o bebê com segurança, lembrando da necessidade de ter um ambiente especial, confortável e seguro, além de muita paciência e amor”, ressalta Laura.

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28 abril 2015

Morre Antônio Abujamra


"A essência do meu progresso estava em poder aceitar a minha decadência. Ou seja, progredir até morrer, porque viver é morrer. E não me arrependo de nada"

Antônio Abujamra


O ator e diretor de teatro Antônio Abujamra, 82 anos, morreu na manhã desta terça-feira (28), em São Paulo. A causa da morte foi um infarto no micárdio, segundo o SPTV. Ele deixa dois filhos e dois netos.

Ainda de acordo com o SPTV, o diretor foi encontrado desacordado na manhã desta terça pela cuidadora, que chamou um dos filhos do artista, Alexandre. Ele foi à casa do pai, na Rua Maranhão, Higienópolis, Zona Oeste da capital, onde médicos atestaram o óbito.

O velório, de acordo coma família, será realizado no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, possivelmente no fim da tarde.

O sobrinho, João Abujamra, contou que conversou com o tio nesta segunda-feira (27) e ele "estava ótimo". João também afirmou que ele não estava fazendo nenhum tratamento médico.







Vida e Obra de Antônio Abujamra


Nascido em Ourinhos, em 15 de setembro de 1932, Antônio Abujamra foi um dos primeiros a introduzir os métodos teatrais de Bertolt Brecht e Roger Planchon em palcos brasileiros.

Formou-se em filosofia e jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, em 1957. Inicia-se como crítico teatral e faz suas primeiras incursões como ator e diretor no Teatro Universitário, entre 1955 e 1958, nas montagens de “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa; “À Margem da Vida” e “O Caso das Petúnias”, de Tennessee Williams; “A Cantora Careca” e “A Lição”, de Eugène Ionesco; e “Woyzeck”, de Georg Büchner.

Abujamra estreia profissionalmente em 1961, em São Paulo, no Teatro Cacilda Becker, onde dirige “Raízes”, de Arnold Wesker, e no Teatro Oficina, com “José, do Parto à Sepultura”, de Augusto Boal. “Antígone América”, de Carlos Henrique Escobar, 1962, é a primeira de uma série de montagens que dirige para a produtora Ruth Escobar.

Em 1963, associa-se a Antônio Ghigonetto e Emílio Di Biasi e funda o Grupo Decisão, com a intenção de disseminar o teatro político com base na técnica brechtiana. A primeira produção é “Sorocaba, Senhor”, uma adaptação de “Fuenteovejuna”, de Lope de Vega.

Em 1965, Abujamra dirige, no Rio de Janeiro, a montagem de “O Berço do Herói”, de Dias Gomes. A peça foi interditada pela censura no dia do ensaio geral. Nos anos seguintes, dedica-se ao Teatro Livre, companhia de Nicette Bruno e Paulo Goulart realizando montagens ambiciosas, como “Os Últimos”, de Máximo Gorki.

Em 1975, dirige Antônio Fagundes no monólogo “Muro de Arrimo”, de Carlos Queiroz Telles, paradoxo entre as duras condições de vida de um operário da construção civil e suas ilusórias expectativas de um futuro brilhante, e recebe o Prêmio Molière, pela direção de “Roda Cor de Roda”, de Leilah Assumpção.

Na primeira metade dos anos 1980, Abujamra se engaja em recuperar o Teatro Brasileiro de Comédia. Entre seus espetáculos mais significativos no TBC estão “Os Órfãos de Jânio”, de Millôr Fernandes, 1981; “Hamletto”, de Giovanni Testori, 1981; “Morte Acidental de um Anarquista”, de Dario Fo, 1982; e “A Serpente”, de Nelson Rodrigues, 1984. Em 1987, encerrado o projeto do TBC, Abujamra dirige, para a Companhia Estável de Repertório, de Antonio Fagundes, a superprodução “Nostradamus”, de Doc Comparato, grande êxito de bilheteria.

Aos 55 anos, Abujamra inicia sua carreira de ator. Em dois anos, atua em duas telenovelas e três peças e é premiado pelo desempenho no monólogo “O Contrabaixo”, de Patrick Suskind, 1987. Em 1991, recebe o Prêmio Molière pela direção de “Um Certo Hamlet”, espetáculo de estreia da companhia Os Fodidos Privilegiados, fundada por Abujamra para ocupar o Teatro Dulcina, no Rio.



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Como fotografar crianças

 por Francine de Souza


A arte de fotografar crianças é totalmente inspiradora, um desafio gostoso e divertido de brincar enquanto trabalha. Afinal, é impossível não se contagiar com a alegria dessas criaturinhas maravilhosas. Mas também vamos concordar: não é nada fácil fotografar uma criança!

E por não ser uma tarefa assim tão fácil, montei uma lista com 12 dicas práticas para fotografar os pequenos. Formulei essas dicas por experiência própria, já que entre tantas áreas da fotografia, fotografar a criançada tem sido uma das minhas preferidas.










Dica 1 - Espontaneidade


O bom das crianças é que elas são naturalmente espontâneas. Toda ação, sorriso, olhar... Tudo que ela faz é algo de vontade própria. Por isso evite chamar a atenção dela, fazer com que ela pose para você. Aproveite os momentos que está brincando, distraída, porque é nesses momentos que você irá conseguir os melhores cliques.


Dica 2 - Colorido das cores


A infância é algo que nos remete às cores vibrantes e alegres. A criança uma explosão de alegria, e pra que essa sensação possa ser transmitida de forma direta, nada melhor do que compor suas fotografias abusando das cores. Você pode conseguir isso com roupas coloridas ou fotografar em jardins. As cores dos ambientes abertos como os jardins, onde se encontram flores, árvores e céu azul, são os momentos certos para poder brincar com composições vivas.


Dica 3 - Brinque e crie amizade


Um fotógrafo que trabalha com criança, primeiramente, deve gostar de estar na companhia de uma. Sorrir, brincar e criar uma amizade são passos fundamentais para que haja uma relação de confiança e, assim, o fotógrafo possa trabalhar sem se surpreender com atitudes nada colaborativas. A melhor maneira de fotografar uma criança é tornando-se amigo dela.


Dica 4 - Bokeh


Eu costumo chamar o efeito bokeh de "estrelinhas". Trata-se do efeito que ocorre nas áreas desfocadas da fotografia, produzido por lentes de com grandes aberturas. Escolha lentes claras para fotografar crianças. Além desse tipo de lente tornar a focagem mais fácil (no AF), elas produzem lindos bokehs.

Recomendo duas lentes em especial: a 85mm e a 50mm.






Dica 5 - Expressividade dos olhos


Se tem um detalhe nas crianças que chama atenção, são os olhos. Elas possuem um olhar sempre muito expressivo, carregado de sentimentos. Dizem que os olhos são a janela da alma, e concordo. Na hora de fotografar, busque-os.




Dica 6 - Sorrisos sinceros


Outro detalhe muito lindo das crianças e que simplesmente encantam qualquer pessoa, é o sorriso. Conseguir registrar sorriso sincero de uma criança feliz vale mais que mil palavras. Por isso, vale ressaltar a dica de criar amizade com a criança. Assim, ela não vai ficar tímida quando você apontar uma câmera.


Dica 7 - Na natureza, no jardim


O melhor lugar pra se fotografar uma criança é em externas. Aproveite a luz natural, os elementos naturais (grama, flores, céu, árvore), aproveite o clima de liberdade que estar num ambiente aberto dá para conseguir registrar a criança mais à vontade, mais relaxada. E por estar num ambiente aberto, com luz natural, vai ser quase raro o uso do flash, o que permite a naturalidade da imagem.






Dica 8 - Brinquedos e bichos de estimação


Uma dica para criar um ambiente mais amigo e propício para fotos é trazer brinquedos, ou até mesmo o bichinho de estimação. Deixe que ela interaja.





Dica 9 - Retratos preto e branco


Apesar de ser uma grande defensora da fotografia colorida para crianças, não posso negar que um belo retrato preto e branco envolve uma expressividade maior. E juntando com os olhos carregados de sentimentos, o preto e branco é uma grande cartada para um retrato de impacto.


Dica 10 - Disposição na busca pela melhor foto


Fotógrafo de criança tem que ter uma elasticidade sem tamanho e não pode ter medo de sujar. É na busca pelo ângulo perfeito, pelo clique certo que o fotógrafo vai muitas vezes rolar no chão. Mas sujar as calças e praticamente virar uma criança vale na hora de buscar o melhor clique.


Dica 11 - Nova perspectiva


O que mais costumo ler sobre o ângulo certo de ser fotografar uma criança é ficar na mesma altura dela. Não há nada de errado nisso. Mas as regras estão aí para serem quebradas. Eu gosto de fotografar as crianças de um ângulo superior, fazendo com que elas direcionem o olhar para mim. Nessa nova perspectiva, quebrando uma regra, é possível capturar os olhares e sorrisos sinceros que falamos logo acima.


Dica 12 - Fotografe com amor


Maior e mais valiosa dica que posso dar pra quem quer seguir essa área da fotografia, ou qualquer outra área, é fazer tudo com muito amor. Quando se faz algo com amor, tudo se torna ainda mais lindo e prazeroso. A fotografia é muito mais que técnicas, regras e equipamento. A fotografia é um ato de amor, dedicação e confiança. Fotografe seguindo o seu coração.





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27 abril 2015

Crônicas da Filosofia: “Macacos descidos das árvores.”



Em tempos de internet, ao invés de perguntarmos aos amigos se viram nossas apresentações, conferimos as estatísticas. De acordo com os números da minha última crônica sobre provincianismo, hoje vou colocar aqui, em língua portuguesa, alguma coisa conhecida sobre cultura inglesa.  

Pra quem não sabe, Agatha Christie é o nome de uma das maiores escritoras de suspense, vinda da distante Inglaterra. Nos seus livros se pode descobrir não apenas sobre a arte da literatura como também muito das tradições inglesas. E aconselho aos curiosos e estudantes de qualquer matéria. Sim, levo em conta de que os costumes sociais podem ter mudado de lá pra cá.  Mas penso ser válido mencionar o passado para ter e proporcionar outras boas oportunidades.

Os ingleses são provincianos, e muito. Não abrem mão de hábitos cultivados há séculos. Não penso ser possível que a sociedade brazuca se adapte a esses costumes. O quê não quer dizer que não respeitamos os ingleses. De minha parte, pelo contrário: sou uma fã declarada e faço o quê estiver ao meu alcance no sentido de demonstrar a grande admiração que sinto por essa cultura secular.

Aproveito a oportunidade para reiterar que sou uma cientista social e, como pensadora, uma das minhas obrigações é questionar, espetar e, se for necessário, chutar!

Sorry!! Ossos o ofício.







E sim, acho que nossa sociedade poderia ganhar imenso se conseguisse aprender com a cultura inglesa. Um dos impedimentos, a meu ver, é que ao contrário da Inglaterra, somos um país mestiço, continental e quente! A coisa vai como dá pra ser porque estamos no Brasil. Por aqui somam -se necessidades e, mesmo sem o respaldo de uma cultura para nos abonar a conduta, qualquer atitude que salde dívidas torna-se válida diante de argumentos. Qualquer argumento, mínimo que seja.

Como pensadora que sou, vejo cultura como requinte, ilustração, o fino da bossa como se diz por aqui

O resto é a macaquice que pula de galho em galho e se alimenta o que dá a mata. E nisso não há qualquer mistério ou aprendizado. Atitudes como essa qualquer pessoa pode praticar. 

Mas sim, o fino da bossa. 

Na prática da teoria, os ingleses e sua politica tem desfilado pelo mundo dos obstáculos, através do tempo e do espaço, com eficiência e elegância. 

Passando da genérica eficiência construída por um particular inteligente, quero analisar a distância cultivada entre as pessoas dentro de algumas culturas. Às vezes fico na dúvida se sou mesmo antipática ou se, por uma questão de visão cultural, me mantenho distante. E me pergunto se essa coisa de participar da cama alheia, da vida alheia, da casa alheia, não deve ser vista com alguma suspeita e receio.

Será que a conivência do alheio não seria coisa pra criminosos, leves e ou pesados? Será que não é justamente a contravenção que cria a necessidade da cumplicidade? Em linguagem jurídica, formação de quadrilha. 

Alguém ai tem por hábito dormir com uma cobra jararaca viva?

Infelizmente as noticias são muito ruins e as perspectivas piores ainda, se as coisas continuarem obedecendo aos ditames das valas negras. 

A alternativa que eu posso propor não é minha e tem sido usada há séculos. Esse conhecimento, ao que eu saiba, vem da Torá. 

A dúvida. 

Segundo os judeus, a sabedoria esta na dúvida. Quando uma pergunta é formulada cria a necessidade de uma resposta. E respostas suscitam atitudes.

E assim, com perguntas, respostas e atitudes se definem os contornos de uma sociedade. Contorno esse que inevitavelmente deve competir com outros perfis. 

E com quê resultado?


Inté,

Divarrah


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26 abril 2015

Poemas de Vinicius de Moraes



por Bula

Pedimos aos leitores, colaboradores, seguidores do Twitter e Facebook — escritores, jornalistas, publicitários, professores — que apontassem os poemas mais significativos de Vinicius de Moraes. Considerado um dos mais importantes nomes da poesia e da música nacionais, Vinicius de Moraes deixou uma obra vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No gênero musical, Vinicius teve como principais parceiros um seletíssimo grupo, que incluía entre outros, Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Do encontro entre Vinicius e Jobim nasceu uma das mais fecundas parcerias da história da música mundial, marcada por clássicos como “Se Todos Fossem Iguais a Você”, “A Felicidade”, “Chega de Saudade”, “Eu Sei que Vou te Amar”, “Garota de Ipanema” e “Insensatez”.

Na literatura e no teatro Vinicius de Moraes deixou obras-primas, com destaque para a peça teatral “Orfeu da Conceição”, escrita em 1954, baseada no drama da mitologia grega Orfeu e Eurídice. A peça foi transformada no filme “Orfeu Negro”, em 1959, pelo diretor francês Marcel Camus, alcançando repercussão mundial e conquistando a Palma de Ouro no Festival Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Na literatura, foram mais de 10 livros, com destaque para “Forma e Exegese”, “Cinco Elegias” e “Poemas, Sonetos e Baladas”, também conhecido como “O Encontro do Cotidiano”, publicado em 1946, que traz o poema “Soneto de Fidelidade”, que posteriormente seria declamado junto com a música “Eu Sei que Vou Te Amar”.

Sobre o poeta Vinicius de Moraes escreveu Carlos Drummond de Andrade: “Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural. Eu queria ter sido Vinicius de Moraes”.

Vinicius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913, e morreu na madrugada de 9 de julho de 1980, aos 67 anos, devido a problemas decorrentes de uma isquemia cerebral.

Os poemas selecionados foram publicados nos livros “Cinco Elegias”, “Poemas, Sonetos e Baladas”, “Novos Poemas”, “Novos Poemas (II)” “Pátria Minha”, Livro de Sonetos” e “Antologia Poética”.






Soneto de Fidelidade


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Pátria Minha


A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos…
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu…

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda…
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha… A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão…
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
“Pátria minha, saudades de quem te ama…
Vinicius de Moraes.”

Poema de Natal


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Soneto de Contrição


Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.

Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.

Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma…

E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.


Não Comerei da Alface a Verde Pétala


Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: deem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

A Rosa de Hiroxima


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida.
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.


Soneto de Devoção


Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez… — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!


Soneto do Amor Total


Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.




Soneto de separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Receita de Mulher


As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.








25 abril 2015

Crônicas da Filosofia - Legião Urbana



Oi Gente, tudo bem?


Eu mesma não sabia que estava com tantas saudades do rock do Legião Urbana. Encontrei um arquivo e estou ouvindo.Gente, que musica é essa que estamos ouvindo atualmente? É de dar azia!!

Aliás estou pensando em mudar o título desta crônica pra provincianismo. Vocês sabem o que é provincianismo? Segundo o dicionário:


pro.vin.ci.a.nis.mo, masculino



- estreiteza de espírito resultante da falta de contato com atividades culturais ou intelectuais,

- uma característica, modo de pensar, etc, próprios de uma província,

- palavra, expressão ou modo de pronunciar peculiar à uma província,

- devoção à própria província em detrimento da nação como um todo.


Tudo bem que sou muito antipática. 
Esnobe mesmo em algumas situações. 

Mas não penso que seja possível ser totalmente agradável a todos. Portanto, me contento em agradar, mesmo que superficialmente, apenas alguns poucos. 

E essa coisa provinciana em alguns assuntos, além de demonstrar ignorância, faz passar ao largo boas oportunidade de crescimento. 

Trocando em miúdos, o quê tenho visto acontecer dentro das coisas sociais, ao que me parece, é que em terras brazucas, alguns acontecimentos são tratados como conquistas. Quando na verdade, o quê se conquista não passa do espaço já existente,  pela própria estrutura do veículo.

Para exemplificar, vou me manter  no território da música. Quero entender porque somos obrigados a eleger como vitoriosos um estilo musical primitivo, se o restante do planeta valoriza como melhor um outro tipo de música. 

Na minha opinião de pensadora, atitudes como essa; ou seja, premiar alguma coisa de pouco valor, para outras sociedades faz parecer, ou melhor, prova exatamente o oposto daquilo que pretendemos provar. Ou seja:
Excelência. 
Progresso. 
Educação.







Entendo que exista o conflito entre o quê prefere a audiência e o que deve acontecer para ilustrar melhor a esta mesma audiência. 

E para sair do impasse, me parece que o melhor caminho seja de deixar de usar instrumentos conflitantes, por sua própria natureza. Penso que seja possível uma conciliação, porque vejo a conciliação como melhor forma de tratar qualquer assunto. 

Entretanto se o compromisso da produção não acontece, a teoria se perde na prática obsoleta, onde tudo se acomoda e parece bom.  Como numa negação infinita de alguma coisa que atrapalha o modelo pré concebido. Isso é a prática do provincianismo. Esse sentimento de arraigado de apego as coisas que já se conhece. 

Mas isso não chega a ser condenável. Neste caso, o condenável se dá pela falta de sensibilidade para a percepção de que nem tudo cabe em todos os lugares. Porque algumas formas não conseguem conter determinadas massas, tanto pela quantidade quanto pelo fim em sim mesmo.

Portanto, como pensadora que sou, acho que podemos e devemos pensar melhor se essa coisa tão provinciana e tão cara a determinados grupos deva continuar sendo usada da forma que esta. 

De fato, ter muito do que mais nos agrada, parece melhor. Mas é preciso entender que se pudermos, em algum momento, sacudir a água parada do provincianismo, podemos fazer realçar novas propostas. 

Assinalando que, mesmo que ao final do caminho, o cenário não seja exatamente tudo o quê se imagina, já valeu pelo exercício da caminhada. 

Inté,
Divarrah


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24 abril 2015

Morrissey e o México



The Guardian

"Felizmente, nós também temos um monte de bandidos incríveis aqui", diz Lara, rindo. "Estamos mundialmente famosos por isso!" Conta a lenda que Rafael Caro Quintero, um chefe do cartel de drogas, ganhou notoriedade por encobrir seus crimes com atos de filantropia: financiamento de rodovias; construção de hospitais em áreas empobrecidas.





"O México é um país melodramático", explica ele. "Nós amamos drama, tensão e ironia. De certa forma, sua música é muito semelhante a uma telenovela. Eu não diria que as músicas de Morrissey são escritas para  perdedores, mas elas são sobre as pessoas que nunca ganham, e, infelizmente, eu vivo em um país onde a gente sempre vem em quarto ou quinto em competições, nunca somos  as estrelas do show. "

Essa identificação com o azarão - para não mencionar a capacidade única da Morrissey articular sentimentos de não pertencimento - é por isso que muitos de primeira e segunda geração de mexicanos-americanos se sentem tão fortemente ligados cantor. 

A subcultura LA, em que Chicanos homenageam Morrissey tatuando suas fotos e letras foi destacado no documentário de William E Jones Is It Really So Strange?

Se essa história é antiga, ele continua: atualmente existem inúmeras estações de rádio e clubes noturnos que funcionam na cidade, para não mencionar uma noite Morrissey OKE em que mexicanos-americanos fazem fila para executar a música de Morrissey. 

No ano passado, a banda de tributo Morrissey Sweet and Tender Hooligans , que vêm realizando desde 1992, encontraram-se tocando para uma multidão no estádio Rose Bowl, antes do amistoso entre LA Galaxy e Manchester United.



O vocalista da banda, Jose Maldonado, é conhecido como "o Morrissey mexicano" aponta para várias razões Chicanos identificam com o cantor, de suas raízes católicas ao seu amor de esportes da classe trabalhadora, como futebol e boxe. 

O mais importante, diz ele, os mexicanos tendem a "gravitar em torno de assuntos emocionais da música e quem é mais emocional do que Morrissey? Embora os mexicanos resistam, emocionam-se com as letras que falam  sobre amor não correspondido ou perda que Morrissey tão bem escreve. 






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A visão estereotipada da cultura macho latino pode parecer em desacordo com ambiguidade sexual de Morrissey e letras sensíveis, mas a música atua como um link para os corações mexicanos.  

Lara cita Juan Gabriel, um ícone pop mexicano quem ele acredita que é muito semelhante a Morrissey em que "ele fala sobre nós que nos apaixonamos de uma forma muito bonita. Acho muito interessante que um país tão machista, um dos ícones de mais sucesso é aquele que joga coma sexualidade. 

Lara se lembra de sua infância na Cidade do México dos anos 90. Nesta época as pessoas se dividiam entre The Cure ou The Smiths. Como DJ, ele estava ao lado das duas bandas, mas secretamente sua opção era mesmo Morrissey.

Parece que os mexicanos tem o clima em comum com os britânicos, já que é possível que no México chava 200 dias por ano. É possível que este seja o maior link dos sentimentos introspectivos e tristes de Morrissey com a cultura mexicana. O mundo todo vê o México como um pais ensolarado, mas essa é uma informação falsa. 


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