31 março 2015

... e por falar em Filosofar...



Oi Gente, tudo bem?

Hoje trago pra vocês essa importante e significativa com Domenico de Masi, um dos pensadores mais importantes da atualidade.

Ouçam com atenção. Vale muito a pena!!

Inté,
Divarrah







30 março 2015

Grupo Corpo - Dança



Fundado em 1975, em Belo Horizonte, o Grupo Corpo estrearia no ano seguinte sua primeira criação,Maria Maria. Com música original assinada por Milton Nascimento, roteiro de Fernando Brant e coreografia do argentino Oscar Araiz, o balé ficou seis anos em cartaz e percorreu catorze países. Um êxito que se converteria na concretude de uma sede própria, inaugurada em 1978. Mas, se a empatia com o público, o entusiasmo da crítica e o sucesso de bilheteria foram imediatos, a conquista de uma identidade artística própria, a sustentação de um padrão de excelência e a construção de uma estrutura capaz de garantir a continuidade da companhia e o estabelecimento de metas de longo prazo são fruto de árduo trabalho cotidiano.

De 1976 a 1982, enquanto o sucesso de Maria Maria ainda repercutia em apresentações pelo Brasil e diversos países da Europa e da América do Sul, o Grupo Corpo não se deu descanso. Colocou em cena nada menos que seis coreografias assinadas por Rodrigo Pederneiras, que assume o posto de coreógrafo-residente em 1981 e, juntamente com Paulo Pederneiras – diretor artístico da companhia e responsável pela iluminação e cenários dos espetáculos - acaba por moldar a personalidade e as feições definitivas do grupo.

Em 1985, chegava aos palcos o segundo grande marco na carreira do grupo: Prelúdios, leitura cênica da interpretação do pianista Nelson Freire para os 24 prelúdios de Chopin. O espetáculo, que faz sua estreia no I Festival Internacional de Dança do Rio de Janeiro, é aclamado pelo público e pela crítica, e termina de firmar o nome do grupo no cenário da dança brasileira.

O Grupo Corpo dá início então a uma nova fase, na qual irá processar a gestação de uma caligrafia e um vocabulário coreográfico únicos. A partir de um repertório eminentemente erudito – onde figuram, entre outras, obras de Richard Strauss, Heitor Villa-Lobos e Edward Elgar –, vai tomando forma a combinação da técnica clássica com uma releitura contemporânea de movimentos extraídos dos bailados populares brasileiros que se transformaria em uma marca registrada do grupo.

Em 1989 estreia Missa do Orfanato, uma densa e grandiosa tradução cênica da Missa Solemnis k.139, de Mozart. De dimensões quase operísticas, o balé torna-se um marco estético tão definitivo na trajetória do grupo, que, duas décadas depois de sua estreia, permanece em repertório.

Em 1992 emerge o divisor de águas do Grupo Corpo: 21, o balé que firmaria a imparidade da sintaxe coreográfica de Rodrigo Pederneiras e a inconfundível persona cênica da companhia. A partir da sonoridade singular da oficina instrumental mineira Uakti e dez temas compostos por Marco Antônio Guimarães, o coreógrafo deixa de lado a preocupação com a forma e começa a investir na dinâmica do movimento, buscando, através do desmembramento de frases musicais e rítmicas, a escritura de uma partitura de movimentos menos pautada na construção melódica, e mais interessada no que subjaz a ela. O resgate da ideia de trabalhar com trilhas especialmente compostas, que havia marcado os três primeiros espetáculos do grupo nos idos dos anos 70, permite também que ele avance na investigação de um vocabulário identificado com suas raízes brasileiras.






Na criação seguinte, Nazareth (1993), o fascínio de Rodrigo por transitar entre os universos musicais erudito e o popular encontra uma oportunidade perfeita para se realizar mais plenamente. Inspirada no jogo de espelhamento proposto em contos e romances do ícone maior da literatura brasileira, Machado de Assis (1839-1908), e na obra de Ernesto Nazareth (1863-1934), figura seminal na formação da música popular no Brasil, a trilha criada pelo compositor e professor de Teoria Literária José Miguel Wisnik permite que, a partir de uma sólida base clássica, o Grupo Corpo leve para a cena uma bem-humorada síntese da brejeirice e da sensualidade (in)contidas no gingado próprio das danças brasileiras de salão.

A parceria com autores contemporâneos dá tão certo que as trilhas especialmente compostas passam a ser uma norma e, cada trilha, o ponto de partida para a nova criação. De 1992 para cá, a exceção que confirma a regra é Lecuona, de 2004, onde, a partir de treze derramadas canções de amor do cubano Ernesto Lecuona (1895-1963), Rodrigo exercita à exaustão seu dom para a criação de pas-de-deux.

Em meados dos anos 90, o Grupo Corpo intensifica significativamente sua agenda internacional. Entre 1996 a 1999, atua como companhia residente da Maison de la Danse, de Lyon, França, fazendo neste período a estreia europeia de suas criaçõe Bach, Parabelo e Benguelê.

Hoje, com 35 coreografias e mais de 2.200 récitas na bagagem, a companhia mineira de dança contemporânea, mantém dez balés em repertório e faz uma média de 70 récitas anuais, apresentando-se em lugares tão distintos quanto a Islândia e a Coreia do Sul, Estados Unidos e Líbano, Itália e Cingapura, Holanda e Israel, França e Japão, Canadá e México.

O minimalismo de Philip Glass (Sete ou Oito Peças para um Ballet, 1994), o vigor pop e urbano de Arnaldo Antunes (O Corpo, 2000), o experimentalismo primigênio de Tom Zé (Santagustin, de 2002 e, em parceria com Wisnik, Parabelo, de 1997), a africanidade de João Bosco (Benguelê, 1998), versos metafísicos de Luís de Camões e Gregório de Mattos à luz de Caetano Veloso e José Miguel Wisnik (Onqotô, 2005), a modernidade enraizada de Lenine (Breu, 2007), a diversidade sonora de Moreno, Domenico e Kassin (Ímã, 2009), as canções medievais de Martín Codax na releitura de Carlos Nuñez e José Miguel Wisnik (Sem Mim, 2011) dão origem a espetáculos de têmperas essencialmente diversas – cerebral, cosmopolita, interiorano, primordial, existencialista, brutal, moderno, lírico – sem que se percam de vista os traços distintivos do Grupo Corpo.





29 março 2015

Aquarelistas em Paraty



O VI Encontro de Aquarelistas realizar-se-á em Paraty (RJ) durante os dias 3 a 7 de setembro de 2014, durante o qual serão organizados workshops com o convidado internacional, palestras, demonstrações, etc., com o intuito de divulgação da aquarela, aprimoramento técnico e intercâmbio entre os participantes.

O evento tem, dentro de suas propostas, o objetivo de promover o intercâmbio e a aproximação dos praticantes desta técnica milenar e a divulgação da cidade de Paraty como um importante pólo internacional de produção artística. Já ocorrem na cidade outros grandes eventos, como a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e o Paraty em Foco (Festival Internacional de Fotografia), dentre outros.

O Encontro tem ainda o intuito de difundir a aquarela como meio autônomo de expressão artística, considerando que deve se valorizar o uso do papel como suporte de obra de arte, ressaltando sua durabilidade, qualidade expressiva, valor de mercado, acessibilidade dentro do conceito de democratização das artes, fomentando o conhecimento de novos materiais, técnicas e tendências artísticas. Também tem como meta contribuir com o aprimoramento técnico dos aquarelistas locais e incentivar a formação de novos artistas em Paraty.

Este ano contamos com a participação especial do premiado artista britânico Trevor Lingard, com vasta experiência em workshops na Europa. Ele será o instrutor principal dos workshops a serem realizados durante os 4 dias do Encontro.



EXPOSIÇÃO

Será realizada uma exposição das aquarelas inscritas durante o período de 3 de setembro a 12 de outubro de 2014, no SESC - Paraty, como parte integrante do VI Encontro Internacional de Aquarelistas em Paraty. Para maiores informações sobre as condições de participação acessar o site www.navegareart.com.br


Obras  de Paraty em Paraty


































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28 março 2015

Bodas de Prata para o Lollapalooza





por Vagalume

Apesar de estar entrando em sua quarta edição no Brasil, a história do Lollapalooza é bem antiga e começa no início dos anos 90. A ideia veio de Perry Farrell do Jane's Addiction que se inspirou no festival A Gathering of the Tribes ocorrido em 1990.

Esse evento foi criado por Ian Astbury do The Cult para aumentar a conscientização e arrecadar dinheiro para a população indígena norte-americana. O que chamou a atenção de Farrell foi o line up bastante eclético arregimentado por Astbury que tinha tanto a musa da música folk Joan Baez quanto o Soundgarden e astros do rap - numa época em que eles raramente eram aceitos em festivais para o público roqueiro.


Perry Farrell
No ano seguinte Farrell colocou em prática sua ideia de festival. O primeiro Lollapalooza foi um evento itinerante que juntou o Jane's Addiction a nomes como Siouxsie And The Banshees, Living Colour, Ice T, Nine Inch Nails e outros mais. A trupe rodou os Estados Unidos por mais de um mês e o sucesso foi grande - ainda mais numa época em que o tal "rock alternativo" começava a despontar no mainstream.

Infelizmente, o primeiro Lolla também foi marcado pelas brigas cada vez mais constantes entre os integrantes do Jane's Addiction, que culminaram com o fim da banda em seu auge artístico e comercial.





Anthony Kiedis do Red Hot Chilli Peppers no Lollapalooza de 1992Mesmo com o fim da banda, Farrell decidiu seguir com o festival. e a edição de 1992 é talvez a mais lembrada do evento. Nela tocaram Red Hot Chili Peppers, Ministry, Ice Cube, Soundgarden, The Jesus and Mary Chain, Pearl Jam e Lush.

A edição também é lembrada pelo "Jim Rose Circus", um circo de freakshow que tinham entre suas atrações um homem que levantava pesos através de piercings (incluindo alguns em sua genitália) e coisas do tipo.

Nos anos seguintes, o Lolla se firmou como um dos festivais mais badalados da América, especialmente enquanto o rock alternativo esteve na pauta do dia. Primus, Smashing Pumpkins e Sonic Youth foram os headliners de 1993, 1994 e 1995 respectivamente.

Mas em 1996 o festival começou a dar pistas de que estava mudando, assim como a cena roqueira. Ainda assim a escolha do Metallica, uma das maiores bandas do mundo, para encabeçar um evento "alternativo", causou estranheza. 

DivulgaçãoA edição de 1997 voltou às suas origens priorizando artistas menores e a cena de música eletrônica que começava a chegar ao mainstream com Prodigy (ao lado), The Orb e Orbital. Mas esse acabou sendo a derradeira edição do evento em sua encarnação original.

Em 2003, o Jane's Addicition retornou, e com eles, o Lolla em seu espírito original. Além deles bandas como Incubus, Audislave e Queens Of the Stone Age também se apresentaram. A alegria infelizmente durou pouco já que a edição de 2004 foi cancelada pela baixa venda de ingressos.

O Lollapalooza finalmente retornou em 2005, agora em seu formato definitivo: um fim de semana em Chicago com cerca de cinco atrações por dia em cada um dos vários palcos montados no local, com a atrações das mais diversas origens, estilos e magnitudes.

As edições itinerantes do festival começaram em 2011 com a edição chilena do evento, que se mostrou um enorme sucesso. No ano seguinte o Lollapalooza finalmente chegou ao Brasil e no ano passado a Argentina também entrou no itinerário.

Agora em 2015, além das edições na América do Sul e Estados Unidos o festival também se prepara para chegar à Europa. Em setembro acontece em Berlim o Lollapalooza Alemanha.

Curta o som de Jack White, Pharrell e de todas as atrações do Lollapalooza Brasil aqui no Vagalume!


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26 março 2015

Anita Malfatti






por eBiografias

Anita Malfatti (1889-1964) foi uma pintora brasileira. Sua polêmica exposição em 1917 foi um marco para a renovação das artes plásticas no Brasil. O escritor Monteiro Lobato, crítico de arte do jornal O Estado de São Paulo, publicou um artigo intitulado "Paranoia ou mistificação?", era uma crítica à mostra expressionista de Anita Malfatti, que serviu de estopim para o Movimento Modernista no Brasil. Algumas de suas obras tornaram-se clássicos da pintura moderna.


Anita Malfatti (1889-1964) nasceu em São Paulo, no dia 2 de dezembro. Filha de Samuel Malfatti, engenheiro italiano e de Betty Krug, de nacionalidade norte-americana. Anita nasceu com uma atrofia no braço direito e teve que aprender a usar a mão esquerda e para isso recebia os cuidados de uma governanta.


Aprendeu as primeiras letras no colégio São José. Em 1897 estudou no Colégio Mackenzie, onde se formou professora. Aprendeu a pintar com a mãe, que dava aulas de pintura e línguas, para sustentar a família, depois da morte do pai. Com a ajuda do tio e do padrinho, foi estudar na Europa. Teve aula no ateliê de Fritz Burger e em seguida matriculou-se na Academia Real de Belas Artes em Berlim estudando pintura expressionista.


Em 1914, voltou ao Brasil e realizou uma exposição na Casa Mappim, sem grande destaque. Em 1915 a pintora partiu para Nova York, onde estudou na Art Students League e sob a orientação de Homer Boss, teve a liberdade de pintar livremente, sem limitações estéticas. Foi nessa fase que pintou seus quadros mais brilhantes.


Anita Malfatti volta para São Paulo em 1917, e no dia 20 de dezembro realiza a polêmica exposição, com 53 obras, entre elas algumas que se tornaram clássicos da pintura moderna, como "A Estudante Russa", "O Homem Amarelo" e "A Mulher de Cabelo Verde". A arte de Anita foi criticada por Monteiro Lobato, que na época era crítico de arte, do jornal O Estado de São Paulo, com o artigo "Paranoia ou mistificação?". Enquanto Oswaldo de Andrade defendeu a pintora no Jornal do Comércio.


Depois de um ano longe da pintura, voltou a ter aulas de natureza-morta, época em que conhece Tarsila do Amaral e que foi só o começo de uma grande amizade. Incentivada pelos amigos, participa da Semana de Arte Moderna em 1922. Considerada como uma das maiores pintoras brasileiras, Anita não se recuperou das críticas.


Fora do Brasil, realiza exposições individuais em Berlim, Paris e Nova York. Há quadros de sua autoria nos principais museus brasileiros. O quadro "A Estudante" está no Museu de Arte de São Paulo; "A Boba" está no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e "Uma Rua" no Museu Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro.


Anita Malfatti morreu em São Paulo, no dia 06 de novembro de 1964.




Obras de Anita Malfatti









Paisagem, 1915-1917 (EUA, Costa do Maine)


Um dos períodos de maior produção artística de Anita Malfatti foi durante sua estadia nos Estados Unidos, quando a artista se isolou numa ilha de pescadores na Costa do Maine chamada Monhegan Island (nome que serve de subtítulo a um dos quadros da época: Rochedos). Anita vivia com outros pintores que trabalhavam sob a orientação do pintor e filósofo Homer Boss, da Independent School of Art.


Rochedos (Monhegan Island). 1915. oléo s/ tela (60x74) .
Col. Guilherme Malfatti, SP



Anita passava os dias pintando ao ar livre, e ao anoitecer ouvia as aulas inspiradas de Homer Boss. Nesse ambiente de liberdade e inspiração, a artista explorou as influências expressionistas adquiridas durante seu aprendizado anterior na Alemanha. Em obras como A Ventania e A Onda, a paisagem local é representada como uma força selvagem, agressiva e dinâmica, e o uso da deformação expressa certa inquietação do olhar humano diante da natureza.

A Ventania. 1915-17. óleo s/ tela (51x61). Col. Palácio dos Bandeirantes, SP.



A Onda. 1915-17. óelo s/ madeira (26,5x36). Col. Paulo Prado Neto, SP.

Uma das obras mais conhecidas desse período é O Farol. Nessa pintura, assim como em O Barco, a paisagem está mais harmonizada com a presença humana, através das edificações que compõem o cenário. O uso da deformação é sensivelmente menor, em contrapartida Anita utiliza exemplarmente a principal característica do seu expressionismo: as cores abundantes e vivas, a chamada “Festa da Cor”.

O Farol. 1915. óleo s/ tela (46,5x61). Col. Chateaubriand Bandeira de Mello, RJ.


O Barco. 1915. óleo s/ tela (41x46). Col. Raul Sousa Dantas Forbes, SP.





Entre as obras que fomentaram as polêmicas em torno da lendária exposição de 1917, certamente estão muitos dos retratos pintados por Anita.


A estudante russa. 1915. óleo s/ tela (76x61). 
Col. Mário de Andrade, Instituto de Estudos Brasileiros da USP, SP.

Tanto nas paisagens quanto nos retratos, a cor é o principal instrumento da jovem Anita Malfatti. A obra O homem de sete cores revela essa preocupação intensa, e essa técnica também irá produzir grandes telas como A boba.

O homem de sete cores. 1915-16. 
Carvão e pastel s/ papel (60,7x45). Col. Roberto Pinto de Souza, SP.

A boba. 1915-16. Óleo s/ tela (61x50,5). 
Col. Museu de Arte Contemporânea da USP, SP.

Anita utilizava modelos que posavam na Independent School of Art em troca de alguns dólares. Essas pessoas, sem nenhuma ligação com o mundo artístico, serviriam como modelos para obras como A mulher de cabelos verdes e O homem amarelo, obra que fascinou Mario de Andrade, quando este sequer conhecia Anita.


A mulher de cabelos verdes. 1915-16. óleo s/ tela (61x51). 
Col. Ernesto Wolf, SP.



O homem amarelo. 1915-16. óleo s/ tela (61x51). 
Col. Mário de Andrade, Instituto de Estudos Brasileiros da USP, SP.

Nessas obras, assim como em Uma estudante, Anita revela o seu interesse em retratar o estado psicológico dos seus modelos. O uso de certa deformação moderada, fugindo dos modelos clássicos, causou grande alvoroço em Monteiro Lobato e na elite provinciana de São Paulo.
Uma estudante. 1915-16. óleo s/ tela (76,5x60,5). 
Col. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, SP.









A recepção negativa da Exposição de 1917 fez com Anita recuasse nas suas propostas inovadoras para a pintura, assim como afastou a possibilidade de alcançar o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, almejado pela artista desde 1914. No entanto, apesar do escândalo geral, algumas forças ansiosas por renovação cultural já procuravam apoiar e defender a artista. Entre eles está Mario de Andrade (retrato abaixo), grande admirador da pintora, que após a Semana de Arte Moderna de 22 cresceu em importância no cenário cultural paulista. Foi por intermédio de Mario de Andrade que Anita conseguiu o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, e em 1923 a pintora partiu para a França.

Mario de Andrade I. 1921-22. óleo s/ tela (51x41). 
Col. Particular, SP.

Anita também retratou outros de seus amigos, inclusive a escritora portuguesa Fernanda de Castro. No entanto, muitas de suas composições eram inspiradas em anônimos, vistos ao acaso pela rua, que chamavam a atenção da artista. Entre elas estão a Chanson de Montmartre e Mulher do Pará.

Fernanda de Castro. 1922. óleo s/ tela (73,5x54,5). 
Col. Marta Rossetti Batista, SP.


Chanson de Montmartre. 1926. óleo s/ tela (73,3x60,2). 
Col. Roberto Pinto de Souza, SP.


Mulher do Pará (no balcão). 1927. óleo s/ tela (80x65). 
Col. Jenner Augusto Silveira, Salvador.


Paisagem, 1924-26 (França, Pensionato Artístico).


Ao receber o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, graças ao seu apoiador Mario de Andrade, Anita parte para a França, para retomar seus estudos e dedicar-se unicamente à pintura (no Brasil, ela lecionara artes plásticas e pintara sob encomenda para sobreviver).


Porto de Mônaco. 1925-26. óleo s/ tela (80x64,5). Col. Jenner Augusto Silveira, BA.


A artista também viajaria para a Itália, onde iniciaria um processo de estudo dos clássicos, inclusive realizando réplicas e versões de pintores renascentistas, além de retratar a paisagem local.


Paisagem dos Pirineus (Cauterets). 1926. óleo s/ tela (45,8x54,8). 
Col. Liliana Maria Assumpção, SP.


Veneza (Canaleto). 1924. óleo s/ tela (51,5x63). Col. Museu de Arte Brasileira da FAAP, SP.



Apesar do recuo da atitude de vanguarda, Anita ainda era capaz de produzir grandes obras, sem abandonar a sua influência do humanismo expressionista, revelando a preocupação introspectiva e psicológica da artista.

La rentrée (interior). 1925-27. óleo s/ tela (88x115). Col. Pedro Tassinari Filho, SP.


Paisagem, 1940-49 (Brasil).

No final da sua carreira, Anita transforma radicalmente seu jeito de pintar. Ela declara querer abandonar as fórmulas internacionais, e pintar de forma cada vez mais simples. A temática também muda: a instrospecção, e os retratos de forte expressão psicológica são substituídos pela representação da “alma brasileira”. Segundo a própria artista: “É verdade que eu já não pinto o que pintava há trinta anos. Hoje faço pura e simplesmente arte popular brasileira. É preciso não confundir: arte popular com folclore. (…) eu pinto aspectos da vida brasileira, aspectos da vida do povo. Procuro retratar os seus costumes, os seus usos, o seu ambiente. Procuro transportá-los vivos para as minhas telas. Interpretar a alma popular (…) eu não pinto nem folclore, nem faço primitivismo. Faço arte popular brasileira”

As duas Igrejas (Itanhaém). 1940. óleo s/ tela (53,8x66). Col. Particular, SP.




Cambuquira. 1945. óleo s/ tela (50x61,1). 
Col. Museu de Arte Contemporânea da USP, SP.

Anita procurava transmitir a “ternura brasileira” que não encontrava na arte da época. Para transmitir essa mensagem, achou que a sua técnica antiga era “muito violenta, inacessível à massa” – assim, procurava uma técnica simples, acessível a todos. Procurou cada vez mais esquecer escolas, teorias. Chegaria a declarar, em 1957, que estava “tentando pintar apenas a vida, sem quaisquer preocupações artísticas”, concluindo mesmo: “Se conseguir fazer isso, estarei satisfeita”.

Itanhaém. 1948-49. óleo s/ tela (72x92). Col. Manuel Alceu Affonso Ferreira, SP.

Samba. 1943-45. óleo s/ tela (39,9x49,3). Col. Gabriel de Castro Oliveira, SP.



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23 março 2015

Crônicas da Filosofia: Milagrices


Oi Gente, tudo bem?

Soube de vários  comentários tecidos sobre minhas ideias publicadas no post de um conhecido falando  do governo Dilma. Eu disse lá mais ou menos o seguinte:

"Acho que a presidenta deve ficar onde está..... corrupção é muito diferente do roubo de galinhas e só pode ser resolvido com prisão, educação e tempo."

E vou usar meu espaço para mais algumas palavras a respeito do assunto.

A politica é matéria obrigatória da filosofia, já que esta estuda e faz propostas para a sociedade e para vida. Não tenho qualquer partido politico. Não me interessa associar meu nome a partidos. Entretanto, a Filosofia é uma matéria que cabe em qualquer assunto, enquanto proposta e opinão. Boas ou ruins. Contra e a favor.  Para vida e para a morte.

E quando eu disse que a Presidenta deve ficar, não falei como petista, mas como pensadora. 

Senão vejamos: não muito distante no tempo e no espaço, o Brasil viveu seu momento de impechament com o ex Presidente e atual Senador, o 'caçador de marajás' Fernando Collor de Mello. 

Na época, a juventude do país de se mobilizou, foi as ruas e, de cara pintada de verde e amarelo, derrubou o Presidente.  Como consequência, amargamos mais alguns anos de um topete inexpressivo e, pra não dizer que nada se fez, desenterramos o Fusca..... rsrs 

Honestamente, às vezes acho que algumas lideranças misturam alhos e bugalhos. E sem pensar nas circunstâncias ou consequências, em nome de uma ideologia equivocada e fora de lugar, expõem o país a situações vexatórias. 

É como pensadora que digo o quê digo. Melhor, como pensadora me atrevo, despertando ódios e paixões.  Ossos do ofício. 

E antes que qualquer 'equivocado' leia e cogite a possibilidade de que meu desejo seja o de seguir os passos de Sócrates, informo que sou de família de longevos. Vão ter que me aturar!

Mas então, sobre o Governo. Presente e passado. 

O menino das Alagoas que mudou de esposa e se elegeu como Senador, lá esta, aparecendo de vez em quando na grande mídia, com discurso cuidadoso e, ao que parece, vivendo muito bem, obrigada. E o impechament do passado, registrado em mentes e mídia, mostrou aos adultos de hoje que politica é assunto complexo e pode ser muito doloroso.  Ridículo até!

Agora nova passeada, novos pedidos para a Presidenta. E minha pergunta é: vamos tirar de lá a Presidenta pra que ela um dia  se torne Senadora e continue vivendo bem e o esforço e cara pintada da juventude termine em constrangimento?

Acho que esse foi mais um movimento equivocado, se é que estamos falando apenas dos problemas que este governo tem enfrentado. Pelo pouco que ouvi sobre a tal operação lava jato, esse estado de coisa na Petrobrás vem há algum tempo. Penso que a Presidenta esta fazendo a coisa pelo melhor, ou seja, esclarecendo o assunto e punindo os responsáveis. 

No mais, defendo a ideia de que educação e tempo podem trazer equações proporcionais ao ônus dos impostos e taxas pagas para custear nossa estada onde quer que estejamos neste país. 

De fato, a pergunta que não quer calar cuja a falta de resposta e atitude vem nos dando prejuízos significativos é: como acabar com a corrupção? 

Como pensadora, de vez em quando, uso um artificio para descobrir uma resposta quando a pergunta é muito dificil. Eu mudo a pergunta. Então, se quando nos questionamos  como acabar com a corrupção e ficamos sem uma resposta pelo menos esperançosa, vamos mudar a pergunta que pode ser: em algum lugar do mundo a corrupção deixou de existir? Se a resposta for positiva, então temos que aprender com eles. 

Quanto aos partidos políticos da minha cidade e ou do país, coloco mais uma vez que estou a disposição, mediante contrato.

Inté,
Divarrah





22 março 2015

Fauvismo


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por Enciclopédia Itau Cultural

Ao contrário de outras vanguardas que povoam a cena européia entre fins do século XIX e a 1ª Guerra Mundial, o fauvismo não é uma escola com teorias, manifestos ou programa definido. Para boa parte dos artistas que adere ao novo estilo expressivo - com forte presença na França entre 1905 e 1907 -, o fauvismo representa sobretudo uma fase em suas obras. Falar em vida curta e em organização informal de pintores em torno de questões semelhantes, não significa minimizar as inovações trazidas à luz pelos fauves ('feras'). 

O grupo, sob a liderança de Henri Matisse (1869-1954), tem como eixo comum a exploração das amplas possibilidades colocadas pela utilização da cor. A liberdade com que usam tons puros, nunca mesclados, manipulando-os arbitrariamente, longe de preocupações com verossimilhança, dá origem a superfícies planas, sem claros-escuros ilusionistas. As pincelas nítidas constroem espaços que são, antes de mais nada, zonas lisas, iluminadas pelos vermelhos, azuis e alaranjados. Como afirma Matisse a respeito de A Dança (1910): "para o céu um belo azul, o mais azul dos azuis, e o mesmo vale para o verde da terra, para o vermelhão vibrante dos corpos".

Os fauvistas fazem sua primeira aparição pública no Salão de Outono, em Paris, 1905. No ano seguinte, no Salão dos Independentes, o crítico Louis Vauxcelles batiza-os defauves (feras, em francês) em função da utilização de cores fortes e intensas. 

O grupo reúne diversos pintores: Albert Marquet (1875-1947), reconhecido como desenhista; André Derain (1880-1954), autor com Matisse de paisagens de Collioure, em 1905; Maurice de Vlaminck (1876-1958), responsável por vibrantes paisagens, construídas, de modo geral, com aplicação de tinta diretamente do tubo sobre a tela; Raoul Dufy (1877-1953), que do impressionismo se converte ao fauvismo por influência de Matisse; Georges Rouault (1871-1958), adepto do novo estilo, embora não faça uso das cores brilhantes em suas prostitutas e palhaços. Gravitam ainda em torno das propostas fauvistas: Georges Braque (1882-1963), Othon Friesz (1879-1949), Henri Charles Manguin (1874-1949), Charles Camoin (1879-1965), Jean Puy (1876-1960), Louis Valtat (1869-1952), Kees van Dongen (1877-1968) etc. Antecipações da nova forma expressiva podem ser encontradas na retrospectiva de Vincent van Gogh (1853-1890), de 1901; nas duas mostras de Paul Gauguin (1848-1903), em 1904 e 1906; nas exposições de arte islâmica e do primitivismo francês (1903 e 1904), e também nas viagens realizadas por Matisse, em 1904 e 1905, quando explora o potencial da cor nas paisagens meridionais, fora do registro descritivo tradicional. 

O entusiasmo pela arte primitiva, a retomada do neo-impressionismo de Van Gogh e Gauguin e a defesa da arte como expressão de estados psíquicos, de impulsos e paixões individuais - contra o registro impressionista da natureza por meio de sensações visuais imediatas -, aproxima o fauvismo do expressionismo alemão, organizado no mesmo ano de 1905 no Die Brücke ('A ponte'). Se isso é verdade (e o fauvismo francês teve, como sabido, grande impacto no movimento alemão), é possível observar derivas diversas nas duas produções de talhe expressionista. 

Distantes do acento dramático e das figuras distorcidas, caros aos alemães, os pintores franceses elegem a cor, a luz, os cenários decorativos e a expressão da alegria, ao invés da dor e da angústia. Alegria de Viver, de Matisse, 1906, evidencia traços essenciais da atitude estética fauvista. 

A cena, quase idílica, tematiza a comunhão dos homens com a natureza e o amor, que a liberdade dos corpos nus, o movimento sinuoso das linhas e as cores límpidas expressam. O lirismo da tela e seu feitio decorativo serão explorados pelo pintor, não apenas nas paisagens, mas também nas cenas interiores que realizou. A arte de Matisse é feita para decorar, indica o crítico italiano G.C. Argan, mas "não os templos, o palácio real e a casa dos senhores, e sim a vida dos homens".

O advento do cubismo em 1907, com o célebre quadro de Pablo Picasso (1881-1973), Les Demoiselles d'Avignon, marca a crise do fauvismo. Se o cubismo partilha com o fauvismo a idéia de que o quadro é uma estrutura autônoma - ele não representa a realidade, mas é uma realidade própria -, as pesquisas cubistas caminham em direção diversa, rumo à construção de espaços por meio de volumes, da decomposição de planos e das colagens. 

O interesse pela arte primitiva poderia ser considerado outro ponto de contato entre fauvistas e cubistas, mas ele representa, na verdade, mais um afastamento entre os movimentos. Enquanto os fauves, assim como os expressionistas em geral, vêem na arte primitiva a expressão de uma certa condição natural do homem, Picasso recupera as máscaras africanas como formas libertas de qualquer contexto. 

O cubismo está na raiz da arte abstrata e dos construtivismos de modo geral. Os fauvistas, por sua vez, estão na origem dos movimentos expressionistas europeus, que irão repercutir na arte do anos de 1950 e 1960, a partir do expressionismo abstrato. 

No Brasil, parece difícil localizar influências especificamente fauvistas embora alguns desses artistas puderam ser vistos na exposição de arte francesa realizada em São Paulo em 1913, no Liceu de Artes e Ofícios. Mais fácil, talvez, pensar em impacto de tendências expressionistas entre nós, por exemplo na produção dos anos 1915-16 de Anita Malfatti (1889-1964) - em trabalhos como O Japonês, A Estudante Russa e A Boba -, na dicção expressionista de parte da obra Lasar Segall (1891-1957), ou ainda em Oswaldo Goeldi (1895-1961). Flávio de Carvalho (1899-1973) e Iberê Camargo (1914-1994)exemplificam novas possibilidades abertas pela sintaxe expressionista entre nós.








Modelos de obras Fauvistas
























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