16 abril 2015

Crônicas da Filosofia: O Joio e o Trigo





Me lembro de um bloco de carnaval inspirado numa música do grande Chico Buarque, Geni e o Zeplin. A canção fala de uma sociedade  invadida por um vilão decidido a destruir o lugar. 

Lá pelas tantas, o vilão decide que pode poupar a cidade caso a prostituta Geni o atenda. E ela o atende após as súplicas dos habitantes do lugar. E vencendo assim o do inimigo e salvando a cidade, a referida comunidade se volta então contra Geni. 

Menciono o fato para ilustrar um pensamento que tenho a respeito das disputas sociais e para tentar mostrar a força que a cultura exerce sobre a vida das pessoas. Se bom ou mau, não se tem certeza à primeira vista.

É normal existir nos grupos sociais pessoas que pensam para fora e para além da cultura. Não raro, se arriscam marcando posição além das melhores conveniências e não se deixam levar pelo consenso. 

Aviso aos navegantes que esta não é tarefa fácil e, creiam, nem tarefa escolhida. Acontece. Simples assim. E não adianta querer puxar. Pessoas com capacidade profunda de entendimento e visão, estão produzindo em direção diversa da maioria. 






E o quê seria da vida se fôssemos todos iguais? Não seria uma tremenda chatice se caminhássemos todos na mesma direção ou quiséssemos as mesmas coisas? Se falássemos a mesma língua? Se nos vestíssemos do mesmo jeito? 

Este grupo que trabalha como que antecipando o futuro, atende pelo o nome vanguarda da mesma forma que o grupo dos invejosos atende pelo nome de equivocados, para dizer o mínimo e permanecermos elegantes....

Mas sim, a Geni.

Neste caso especifico da personagem do Chico, que não deixa claro se Geni era homem ou mulher, sofre as consequências por ter salvo a comunidade. E como salvadores tem destino traçado em algumas culturas, Geni é condenada a desgraça.

A primeira vista, esta parece uma atitude no mínimo ingrata. 

Bom, depois de alguns anos de vida e alguma experiência, devo afirmar que infelizmente essa é uma prática real e comum em alguns lugares. Sobretudo nas provincianas e ignorantes comunidades, alheias as novidades no mundo das ciências sociais e médicas. 

O assunto é complexo pra principiantes. E tenho certeza de que nem sempre os leitores dos meus blogs tem talento pra filosofar. Portanto, vou tentar colocar meu ponto de vista de forma simplificada. 

Antes do surgimento e propagação da psicologia, principalmente, era muito comum que uma sociedade vivesse sob fórmulas e receitas cultivadas por séculos. A esse conjunto de costumes dá-se o nome de tradição

Depois do surgimento da psicanálise, faz-se absoluto e urgente revisitar algumas práticas e, sob a luz da psicologia e da história, entender melhor determinados costumes. 






Uma das coisas mais importantes com a qual a Psicologia brinda a Humanidade, é a possibilidade de mostrar que a ingratidão, por exemplo, pode ser o sintoma de alguma questão mal resolvida. E que a força de um ódio, que pode impressionar e escrever histórias, não passam de expressões de uma mente doentia que pede socorro. 

Sigmund Freud é tido como um dos maiores revolucionários da Humanidade! 

Embora não tenha pego em armas ou feito passeatas; menos ainda incitado governos a tirania do seu povo; de dentro de seu consultório em Viena, na gelada Áustria, Dr Freud estudou o ser humano. Examinando o corpo e a mente, enxerga o quê ninguém tinha visto até então. E faz propostas de tratamentos com resultados muito significativos. 

Portanto, se você acha bacana jogar bosta Geni como sugere a música, saiba que esta pode ser a sua condenação a uma camisa de força ou coisa pior. Porque existe muita gente doente e por isso, dispostos a atitudes horríveis!


Inté,
Divarrah


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