Graças a Deus, faço parte do grupo de pessoas que nunca
perderam pedaços externos. O quê sei do assunto me chegou pela televisão,
através de reportagens de ocasião. Os dados que me interessam mencionar nesta
crônica são os que falam sobre adaptação.
No caso de pessoas que perdem parte de um membro ou vivem a
fatalidade de se verem mutilados por acidentes ou doenças, devem trabalhar com a
novidade da mudança. Diferente de pessoas que nascem deficientes e se acostumam
a viver com suas limitações, aquele que perde uma peça da fuselagem precisa de
ajustes.
Físicos e psíquicos.
Há quem defenda que os ajustes psíquicos devam acontecer
antes, como respaldo para que a pessoa encontre forças, supere a dor e possa reaprender
a viver.De longe ou de perto, qualquer pessoa pode avaliar que este
pode ser trabalho bastante difícil.
Como pensadora, acho que nosso país passa por uma situação
parecida. Ao que eu saiba, não perdemos ou estamos ameaçados de qualquer forma
por forças externas. Mas assim como um acidentado, em cinquenta anos ou mais um
pouquinho, nossa sociedade passou por vários momentos importantes, onde algumas
vidas foram ceifadas. Se isso foi justo ou não, penso que este não seja o ponto
desta crônica.
Mas a perda sim.
Politicamente me parece que nossa sociedade ainda não se
refez da perda de algumas ideias. E ainda não se deu conta que algumas
cicatrizes estão cada vez menos visíveis. Não porque se esquecem das dores, mas
porque a vida tem suas urgências e não podemos ficar parados, ainda que pudéssemos. Em se tratando de historia,
o quê se sabe é que ela costuma viajar dentro
de um trem cuja velocidade varia entre os 90 e 150 km por hora!
Ao que posso observar, as mudanças tupiniquins tem sido a
reboque das acontecidas em todo planeta. Mais do que nunca, podemos dizer que
estamos num trem, com todos os países atrelados uns nos outros.
Com a internet jogando por terra tudo que sabíamos e tínhamos certeza do
controle, nossa geração, até onde posso saber, tem suado a camisa para
acompanhar essas mudanças, de modo a conseguir produzir com as novas
ferramentas.
Se devo pensar a politica brasileira, me vejo obrigada a mencionar
que o pais perdeu pessoas e escreveu muitos capítulos com sangue e saudade. E
por isso lastimoso, ferido em seus brios e deprimido como um ser que perde, esqueceu-se de reaprender o fazer politico.
Hoje, nossa sociedade, segue de forma inconsciente e cega, acreditando
na possibilidade de usar receitas velhas sem questionar para quê, para onde e
para quem.
Já se passaram algumas semanas que, vendo nosso jornal da
noite, assisti a deplorável cena de um Senador do país, depois de uma acalorada
discussão com o Presidente da Casa, abandonar a bancada, seguido por mais
alguns. Achei a cena horrível! Primeiro pela discussão, segundo pelo ato que
abandonarem a cena, como meninos que trocam de mau depois de brigarem por
bolinhas do gude!
Até onde posso saber, o mandato de Senador por aqui dura
oito anos. E os tais meninos que saíram pisando duro não tem que voltar pra a
mesma cena e negociar com o mesmo presidente?
Francamente!
Não sei qual foi o motivo da discussão e penso que isso não
vem ao caso. Decidi falar deste fato pra assinalar o quanto estamos distantes
do mínimo desejável para homens que pretendam decidir e defender interesses do
país.
Quero deixar claro, entretanto, que não estou acusando os
Senadores em questão de falta de preparo. A falta de preparo é da sociedade
como um todo, que sem orientação ou interesse, elege palhaços e infantilóides.
Porque nossa sociedade esta se esquecendo de trabalhar o
crescimento, de mostrar a importância da responsabilidade do adulto.
Como pensadora que sou, espero sinceramente que consigamos
transcender essa fase que tarda a
aparecer. Escrevo para que nossa sociedade consiga entender que humor é bom e o
riso possível quando o mínimo de responsabilidade garante a presença de dentes
brancos e saudáveis. Fora isso, não há
porque sorrir.
Inté,
Divarrah
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