22 março 2015

Fauvismo


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por Enciclopédia Itau Cultural

Ao contrário de outras vanguardas que povoam a cena européia entre fins do século XIX e a 1ª Guerra Mundial, o fauvismo não é uma escola com teorias, manifestos ou programa definido. Para boa parte dos artistas que adere ao novo estilo expressivo - com forte presença na França entre 1905 e 1907 -, o fauvismo representa sobretudo uma fase em suas obras. Falar em vida curta e em organização informal de pintores em torno de questões semelhantes, não significa minimizar as inovações trazidas à luz pelos fauves ('feras'). 

O grupo, sob a liderança de Henri Matisse (1869-1954), tem como eixo comum a exploração das amplas possibilidades colocadas pela utilização da cor. A liberdade com que usam tons puros, nunca mesclados, manipulando-os arbitrariamente, longe de preocupações com verossimilhança, dá origem a superfícies planas, sem claros-escuros ilusionistas. As pincelas nítidas constroem espaços que são, antes de mais nada, zonas lisas, iluminadas pelos vermelhos, azuis e alaranjados. Como afirma Matisse a respeito de A Dança (1910): "para o céu um belo azul, o mais azul dos azuis, e o mesmo vale para o verde da terra, para o vermelhão vibrante dos corpos".

Os fauvistas fazem sua primeira aparição pública no Salão de Outono, em Paris, 1905. No ano seguinte, no Salão dos Independentes, o crítico Louis Vauxcelles batiza-os defauves (feras, em francês) em função da utilização de cores fortes e intensas. 

O grupo reúne diversos pintores: Albert Marquet (1875-1947), reconhecido como desenhista; André Derain (1880-1954), autor com Matisse de paisagens de Collioure, em 1905; Maurice de Vlaminck (1876-1958), responsável por vibrantes paisagens, construídas, de modo geral, com aplicação de tinta diretamente do tubo sobre a tela; Raoul Dufy (1877-1953), que do impressionismo se converte ao fauvismo por influência de Matisse; Georges Rouault (1871-1958), adepto do novo estilo, embora não faça uso das cores brilhantes em suas prostitutas e palhaços. Gravitam ainda em torno das propostas fauvistas: Georges Braque (1882-1963), Othon Friesz (1879-1949), Henri Charles Manguin (1874-1949), Charles Camoin (1879-1965), Jean Puy (1876-1960), Louis Valtat (1869-1952), Kees van Dongen (1877-1968) etc. Antecipações da nova forma expressiva podem ser encontradas na retrospectiva de Vincent van Gogh (1853-1890), de 1901; nas duas mostras de Paul Gauguin (1848-1903), em 1904 e 1906; nas exposições de arte islâmica e do primitivismo francês (1903 e 1904), e também nas viagens realizadas por Matisse, em 1904 e 1905, quando explora o potencial da cor nas paisagens meridionais, fora do registro descritivo tradicional. 

O entusiasmo pela arte primitiva, a retomada do neo-impressionismo de Van Gogh e Gauguin e a defesa da arte como expressão de estados psíquicos, de impulsos e paixões individuais - contra o registro impressionista da natureza por meio de sensações visuais imediatas -, aproxima o fauvismo do expressionismo alemão, organizado no mesmo ano de 1905 no Die Brücke ('A ponte'). Se isso é verdade (e o fauvismo francês teve, como sabido, grande impacto no movimento alemão), é possível observar derivas diversas nas duas produções de talhe expressionista. 

Distantes do acento dramático e das figuras distorcidas, caros aos alemães, os pintores franceses elegem a cor, a luz, os cenários decorativos e a expressão da alegria, ao invés da dor e da angústia. Alegria de Viver, de Matisse, 1906, evidencia traços essenciais da atitude estética fauvista. 

A cena, quase idílica, tematiza a comunhão dos homens com a natureza e o amor, que a liberdade dos corpos nus, o movimento sinuoso das linhas e as cores límpidas expressam. O lirismo da tela e seu feitio decorativo serão explorados pelo pintor, não apenas nas paisagens, mas também nas cenas interiores que realizou. A arte de Matisse é feita para decorar, indica o crítico italiano G.C. Argan, mas "não os templos, o palácio real e a casa dos senhores, e sim a vida dos homens".

O advento do cubismo em 1907, com o célebre quadro de Pablo Picasso (1881-1973), Les Demoiselles d'Avignon, marca a crise do fauvismo. Se o cubismo partilha com o fauvismo a idéia de que o quadro é uma estrutura autônoma - ele não representa a realidade, mas é uma realidade própria -, as pesquisas cubistas caminham em direção diversa, rumo à construção de espaços por meio de volumes, da decomposição de planos e das colagens. 

O interesse pela arte primitiva poderia ser considerado outro ponto de contato entre fauvistas e cubistas, mas ele representa, na verdade, mais um afastamento entre os movimentos. Enquanto os fauves, assim como os expressionistas em geral, vêem na arte primitiva a expressão de uma certa condição natural do homem, Picasso recupera as máscaras africanas como formas libertas de qualquer contexto. 

O cubismo está na raiz da arte abstrata e dos construtivismos de modo geral. Os fauvistas, por sua vez, estão na origem dos movimentos expressionistas europeus, que irão repercutir na arte do anos de 1950 e 1960, a partir do expressionismo abstrato. 

No Brasil, parece difícil localizar influências especificamente fauvistas embora alguns desses artistas puderam ser vistos na exposição de arte francesa realizada em São Paulo em 1913, no Liceu de Artes e Ofícios. Mais fácil, talvez, pensar em impacto de tendências expressionistas entre nós, por exemplo na produção dos anos 1915-16 de Anita Malfatti (1889-1964) - em trabalhos como O Japonês, A Estudante Russa e A Boba -, na dicção expressionista de parte da obra Lasar Segall (1891-1957), ou ainda em Oswaldo Goeldi (1895-1961). Flávio de Carvalho (1899-1973) e Iberê Camargo (1914-1994)exemplificam novas possibilidades abertas pela sintaxe expressionista entre nós.








Modelos de obras Fauvistas
























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