Uma das vítimas do atentado contra a revista Charlie Hebdo em Paris, o cartunista francês George Wolinski, de 80 anos, retratou a violência urbana e particularidades da vida no Rio de Janeiro em uma charge de 1993.
O desenho, no formato de uma longa tira, foi dado ao guia de turismo carioca Marcelo Armstrong, que criou o ‘Favela Tour’, um passeio que leva turistas a comunidades como a Rocinha, que fez parte do roteiro do cartunista. Ele era parte de um grupo de profissionais no País para a Bienal Internacional de Quadrinhos.
"A charge retratava impressões sobre sua estada no Rio de Janeiro, que tive o prazer de ajudá-lo a conhecer. Estava ali registrada sua critica à nossa persistente violência urbana. Ontem, a violência de um terrorismo covarde e insano, nunca imaginada naqueles (recentes) tempos de 1993, iria tirar-lhe a vida, na segura e civilizada Paris", disse Marcelo Armstrong.
No desenho, Wolinski fez observações sobre o poder do tráfico nos morros cariocas, referências a organizações criminosas e à cumplicidade da polícia no comércio da droga.
"Ele se impressionou com nossas discrepâncias", acrescentou Armstrong. Wolinski chamou as praias do Rio de ‘paraíso californiano’ com seus surfistas e adeptos da corrida.
Ele elogiou a beleza e alegria dos cariocas e, com a ilustração de mulheres de biquini, comentou o que chamou de ‘indecência pudica’ e ‘inocência sem perversão’ vista nas areias.
Wolinski foi assassinado na quinta-feira durante a ação de dois atiradores armados com Kalashnikovs na sede da revista satírica Charlie Hebdo, em Paris, junto com outras 11 pessoas.
Marcelo Armstrong acompanhou cartunistas em visita ao Rio |
Wolin, como era conhecido pelos amigos, era filho de judeus e nasceu na Tunísia. Seu pai foi assassinado em 1936, uma tragédia que, segundo ele, assombrou sua vida como um fantasma. Ele se mudou para a França em 1940 para estudar Arquitetura, mas acabou se dedicando à atividade de cartunista.
Após receber a notícia da morte do pai, a filha de Wolinski, Elsa, escreveu nas mídias sociais:
"Papai se foi. Wolinski não".
Sobre religiões, certa vez, Wolinski escreveu que o 'paraíso é cheio de idiotas que acreditam que ele existe'.
Sobre religiões, certa vez, Wolinski escreveu que o 'paraíso é cheio de idiotas que acreditam que ele existe'.
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