06 janeiro 2015

Fazendo Arte para Aprender



“Toda criança é artista. 
O problema é como permanecer artista depois de crescer”.

Picasso


A arte, numa perspectiva histórica, pode ser identificada como uma ciência que vem percorrendo um longo caminho para ter seu reconhecimento institucional.
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O ensino de Arte no Brasil, ao longo do tempo, passou por diversos métodos, na maioria das vezes importados sem a devida adaptação, desde a colonização com os jesuítas, impondo a separação entre a retórica e a manufatura e negando a cultura indígena, passando pelo século XIX com a negação do barroco em favor do neoclássico.



Já no século XX, havia uma grande preocupação com o ensino de Arte que até então se resumia ao ensino do desenho, este visto como um importante meio para formação técnica. 

A disciplina Desenho, apresentada sob a forma de Desenho Geométrico, Desenho do Natural e Desenho Pedagógico, era considerada mais por seu aspecto funcional do que uma experiência em arte. 

Em meados da segunda metade do século XX, a pedagogia experimental sinalizava um novo lugar para arte na educação. 

No momento em que a criança conquista seu lugar como sujeito, com características próprias, deixando de ser apenas um projeto de adulto, o desenho infantil passa ser objeto de estudo cognitivo.

Com a Semana da Arte Moderna em 1922, os modelos de educação técnica voltada para o trabalho, com forte identificação ao estudo do desenho clássico e do desenho geométrico, começaram a ser contestados, passando a valorizar a expressão infantil.

No início dos anos 30, também começaram a ganhar espaço no Brasil escolas especializadas em artes para crianças e adolescentes. No final dos anos 40, o ensino de arte conquista mais espaços fora dos muros da escola com as “Escolinhas de Arte” implantadas em vários pontos do país.

Este movimento visava a um ensino de arte pautado na livre expressão, como um rumo alternativo na busca de uma identidade ainda desconhecida. 

Segundo Ana Mae Barbosa, a Escolinha de Arte, em parceria com o governo, promoveu vários cursos de formação de professores, com “uma enorme influência multiplicadora, chegando a haver
32 Escolinhas no país” (BARBOSA, 2003).

Nos anos 70, a apresentação dos programas reflete influência da tendência tecnicista. O ensino de arte é fortemente influenciado pelas ideias de Lowenfeld e Herbert Read, o que levará ao espontaneismo,
ao laissez-faire, na maioria das escolas.

A Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71 é tecnicista e incita à profissionalização; o trabalho pedagógico fragmentou-se para tornar o sistema educacional efetivo e produtivo. Através dessa lei, foi instituída no currículo a Educação Artística, reunindo todos os tipos de linguagem tornando o ensino de artes polivalente. A promulgação da lei, sem prever anteriormente a formação dos professores e sua qualificação, enfraqueceu a qualidade de ensino, ao invés de promover melhorias nas condições já existentes. (BEMVENUTI, 1997,p. 44). 

Em 1973, criaram os cursos superiores em Educação Artística, uma formação com duas opções, a licenciatura curta em dois anos e a licenciatura plena em quatro anos.

Com cursos de curta duração e um currículo abrangente que propunha conhecimentos de música, artes plásticas e teatro, os professores conheciam superficialmente as linguagens e conduziam o ensino sem uma concepção filosófica adequada, sem a essência do ensino de arte. 

Com ausência de formação continuada consistente, conhecimentos básicos de arte, os professores sentem-se despreparados, inseguros e sem capacidade e disposição de tempo para aprofundar seus conhecimentos, nem para explicitar, discutir e praticar um planejamento mais consistente de educação e arte, e passam a apoiar-se nos livros didáticos de Educação Artística produzidos desde
o final da década de 70. 

Nas escolas, a arte ocupa apenas o lugar de relaxamento, lazer, sendo ignorada como área de conhecimento. Com a nova LDB (lei nº 9.394/96), é extinta a Educação Artística e entra em campo a
disciplina Arte, reconhecida oficialmente como área de conhecimento.
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Periódico Pedagogia em Ação